Olás, flores cheirosas e amadas!
Como estão todos e
todas?
Bem, eu gostaria de
deixar registrado aqui tudo sobre nosso último encontro, da primeira
rodada do clube de leitura Jardim do livro, de tema Jane
Austen. Último livro, agraciando o bicentenário de sua publicação:
Orgulho e Preconceito.
A reunião foi em casa de
Jane e Lizzie Bennet (minha irmã e eu :-), no, então, chamado
Bennet's Cottage. Fizemos um chá inglês com um amigo secreto, o que
foi fantástico! Realmente apreciei tudo nesse encontro, parece que
todas as coisas concorreram para o melhor, para que desse certo.
Agradeço a Deus por isso!
Eu havia separado alguns
tópicos que retirei do livro que estou lendo, uma biografia de Jane
Austen com autoria de Elizabeth Jenkins publicado em 1964. Excelente
livro!
Vou descrever aqui alguns
desses tópicos:
Primeiramente, comentei o
que Jenkins fala sobre a habilidade que Jane Austen de tocar
algo do cotidiano, algo corriqueiro, e transformar aquilo em algo que
nunca vimos, algo especial, atribuindo-lhe uma nova óptica.
“Jane
Austen uses a perfectly simple sentence, staring a commom place fact;
none of the words in it is beyond the scope of daily conversation;
but used by her they have an evocative power entirely unsuspected;”
Ela fala também sobre a
veracidade dos livros de Jane Austen,
“In
the last four of Jane Austen's works we are insensibly drawn in to
believing that her rendering of the characters of Mrs. Bennet and
Mrs. Norris and Miss Bates and Mary Musgrave gives us the actual
scientific truth about those characters. It is impossible, almost, to
have any other opinion of them than held by Jane Austen herself.”
Conversamos sobre
questões já bem discutidos como:
O que em Elizabeth Bennet
atraiu Mr. Darcy? Além de seus lindos e expressivos olhos negros.
Baseado em Jenkins, Mr. Darcy foi principalmente atraído pela
independência de nossa heroína. Sua indiferença à posição
social e financeira do cavalheiro em questão e seu afastamento,
deram a ele a oportunidade de melhor observa-la. O que, para ele como
sabemos, era uma novidade.
O quanto Elizabeth,
inconscientemente, o encantava com suas atitudes como andar de sua
casa até Netherfield antes do café da manhã para simplesmente
averiguar como estava saúde de sua irmã, e com isso aparecer logo pela manhã
com sua pele brilhante e ruborizada pelo exercício.
Outro tema conversado foi
sobre o pré-conceito de Elizabeth Bennet. Como ela é rápida em
analisar e julgar as pessoas, e com isso acaba cometendo erros
graxos. Temos de convir que neste ponto ela
poderia ter usado um pouco mais da cautela e da moderação que tanto
gostava. Obviamente sabemos que Lizzie acaba por se
apresar em categorizar, mas destacamos o senhor Darcy (claro!): na
fase em que Lizzie conhece Lady Catherine, e na mesma viagem
encontra o senhor Darcy, ela consegue ver claramente que eram
parentes. Sim, pois possuíam a mesma postura e atitudes; eram muito
parecidos na arrogância, no sentimento claro e explícito de
superioridade, na certeza de que os outros quereriam pedir ou tirar
algo deles, relacionado à posição, influência e fortuna. E é
engraçado reparar como depois que Lizzie se apaixonou pelo novo
Darcy, ela mesma não consegue entender onde, naquele primeiro instante, enxergou o parentesco
entre eles. Pois não havia a menor
semelhança!
Também interessante
observação feita por Jenkins foi o fato comentado por Sir Walter
Scoot, que Elizabeth Bennet, alguém que condenava a luxúria e dizia
que nunca se casaria por fortuna, quando vislumbrou a entrada de
Pemberly sentiu como se tivesse realmente errado ao rejeitar seu
proprietário. Dircilene chegou a dizer que o episódio também a
incomodava todas as vezes que o lia. Mesmo porque, não condiz com a
personalidade e valores de Elizabeth Bennet. Porém, conversamos um
pouco mais, e concluímos que, apesar de admira-la, temos que
entender, acredito como sua criadora o fez, que ela apresenta
defeitos e deslizes como todas nós; atribuindo a ela uma figura ainda
mais real e encantadora.
Jenkins frisa algo que
também tive a oportunidade de ler nas cartas de Jane Austen, e que
acabei por repartir com as meninas neste encontro, por acha-lo
interessantíssimo. Em uma de suas cartas à Cassandra, Jane Austen
diz a respeito de Elizabeth Bennet:
“I
must confess that I think her as delightful a creture as ever
appeared in print, and how I shall be able to tolerate those who not
like her at least, I do not know”.
Isto nos apresenta mais uma
característica da personalidade de Jane Austen.
E falamos também sobre
Henry Austen. Como Eliza, prima de Jane Austen, e Cassandra e Jane
Austen costumavam exclamar, “Oh, what a Henry!”. Ele, com seu amor
inflamado e orgulho pelo trabalho de sua irmã, acabava por cruzar a
linha da discrição que havia prometido à ela, e revelava a
autoria de Orgulho e Preconceito. Ele o fez ao enviar uma das
peças para Warren Hastings, e durante um encontro na Escócia, em
que o livro fora lido para Lady Robert Kerr, e ele não pôde se
“agüentar” então acabou revelando que a autora era sua irmãzinha. Isso muito irritava Jane, pois ela havia pedido o segredo
com avidez a todos.
Dircilene também nos
presenteou com um xerox e algumas observações retiradas do livro de
James Shapiro, Quem escreveu Shakespeare?. Ela leu alguns
trechos conosco que advertiam sobre a consideração errônea de um leitor.
No sentido de que não devemos limitar a capacidade criativa de um
autor, tentando encontra-lo nos seus personagens, ambientes,
descrições dentro de seus livros. Porque não necessariamente o que
está em seu livro foi experimentado em sua vida particular.
Pois o autor pode exercer sua escrita simplesmente pela habilidade de criação imaginativa, pela observação à distância, pela
análise presencial, ou seja de várias outras formas além de sua
experiência individual. Portanto, um exemplo, não podemos tentar
encontrar Jane Austen em Elizabeth Bennet e nem o contrário,. É
claro que existem resquícios de Jane Austen em sua criação, mas
Elizabeth Bennet não é um retrato de Jane Austen, mas uma pequena parte dela.
Eu realmente AMEI esse
encontro!, e daí já marcamos a próxima rodada que estou colocando
abaixo:
Sugestão de= | Mês para reunião= | Autor= | Livro= |
Sabrina | 1-Abril/2014: | Charles Dickens | - Grandes Esperanças |
Dircilene | 2-Junho/2014: | William Shakespeare | - Sonho de uma noite de verão |
Manu | 3-Setembro/2014: | Alexandre Dumas | - Conde de Monte Cristo |
Meire | 4-Dezembro/2014: | Bram Stoker | - Drácula |
Angela | 5-Março/2015: | José Saramago | - Ensaio sobre a Cegueira |
Alessandra | 6-Junho/2015: | Suzanne Collins | - Jogos Vorazes |
Milene | 7-Setembro/2015: | Lewis Carroll | - Alice no país das maravilhas |
Todas | 8-Dezembro/2015: | Charles Dickens | - Um conto de Natal |
Desta
vez faremos diferente! Nos encontraremos em uma data dentro desses
meses, com o livro já lido, para assistir o filme e depois discutir
o livro/filme.
Um bj enorme e boas
leituras, meninas lindas!
Mia