De volta ao jardim, seguiram as flores! De volta ao jardim, sem hesitar, repartiram. De volta ao jardim do coração, elas se reuniram.
Em 25 de Agosto, no restaurante fazenda À Mineira.
Muitos foram as deliberações, seguem abaixo alguns dos principais tópicos.
1 - A complexidade de Bathsheba Everdene, que pode ser comparada a de Elizabeth Bennet. Como pode um homem do século XVIII descrever tão bem a versatilidade de uma mulher independente, vaidosa, inteligente, inconstante e indomável? Thomas Hardy cumpriu essa tarefa com muito talento. Um grupo de leitoras do século XXI, pôde admitir esse talento com veracidade e unanimidade. Para além do ato da descrição, a apreensão da forte tendência feminina em escolher um amante chamado de "bad boy" foi alvo de discussão. É evidente que todas do grupo de leitura afirmaram que Gabriel Oak era de longe a melhor opção de Bathsheba. Ela é que não o merecia. Confessamos que no primeiro momento, a maturidade nos chama ao bom senso de nunca se deixar levar por elogios e sentimentos sexuais em detrimento do caráter e índole. Ainda assim, à mesa, também reconhecemos que não é simples julgar Bathsheba quando se está dentro da situação.
2 - Os candidatos de Bathsheba.
Tanto Gabriel Oak quanto William Boldwood são retratados como personagens decentes e pacientes. Eles se dividem em alguns pontos discutidos: a teimosia e obsessão de Boldwood e a mansidão e fidelidade extraordinárias de Oak. Boldwood é retratado como alguém que traz o comércio de fora, por isso é mal visto pelas pessoas, já Oak representa os valores do homem do campo, então é estimado por todos.
Troy é um personagem razoavelmente comum, geralmente reproduzido como o cafajeste imoral, conquistador etc. Ele cabe entre as descrições de John Willoughby de Razão e Sensibilidade e Mr. Wickham de Orgulho e Preconceito, entretanto, não tem habilidades suficientes para conquistas duradouras.
3 - O sargento Troy é o personagem mais sexualizado no livro e por isso sensualiza a protagonista. Até então, Bathsheba não havia despertado sexualmente. Na mente de Bathsheba, os outros pretendentes oferecem a ela o que já possui, por isso, através de suas lisonjas e atitudes não-cavalheirescas Troy seduz Bathsheba ao desastroso casamento.
Um ponto muito interessante levantado pela Inês foi a assiduidade de ocasiões em que se vê Troy com seu uniforme. Todas as vezes que ele vai conversar com Bathsheba, ele coloca seu uniforme vermelho. O símbolo do uniforme carrega autoridade, respeitabilidade, credibilidade e estabilidade, tudo que Troy é desprovido. Deste modo, quando ele veste seu uniforme é como se trajasse uma fantasia para ser alguém que não é, representar características que não possui.
Outro ponto é a espada que ele saca e manuseia por vezes no livro. A espada pode ser um símbolo do falo, e o jovem sargento a usa para demonstrar a Bathsheba suas habilidades masculinas. Portanto, na tentativa de seduzi-la (ainda possivelmente apaixonado por Fanny Robin) Troy usa de palavras, declarando em alta voz a beleza e brilho de Bathsheba, veste sua honrada fantasia de sargento e empunha sua arte na espada.
Vários outros detalhes foram conversados e explorados, porém ficamos por aqui nesta postagem, assim não a tornamos deveras longa.
Para demonstrar nosso carinho pela maravilhosa obra, segue abaixo um video clipe em homenagem a Gabriel Oak.
Música de Daniel: Que era eu.
Filme de Thomas Vinterberg, lançado em 2015: Longe deste insensato mundo.
Imagens montadas por: Captain Bucky